terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O centro do mundo


O corpo de Lénine está colocado num mausoléu em forma de uma pirâmide de cubos vermelhos, construída junto às muralhas do Kremlin e transformada em local de peregrinação para milhares de pessoas que se deslocavam a Moscovo expressamente para ver o corpo. Estaline soube cristalizar a herança e fomentou com fervor a propaganda do "culto leninista". A exaltação sistemática transforma o chefe no pai da pátria e, na sua ausência por morte, o sucessor absorve as distinções. Estaline desenvolveu o culto da personalidade em si próprio e a sua propaganda projectou uma imagem de coragem perante os inimigos externos e compaixão diante do seu povo. Uma concepção que agregava os seus componentes na realidade através do terror psicológico. Ordenou a preservação do corpo de Lenine através da mumificação e colocou-o simbolicamente no centro político de Moscovo para criar um local de veneração pública vocacionado para receber as grandes massas anónimas.

A Catedral Kazan, Praça Vermelha, Moscovo


Ao mesmo tempo que transformou a Praça Vermelha num local de culto, Estaline transformou a Catedral Kazan, perto do mausoléu, em sanitários públicos para servir as multidões anónimas. O monumento teve de ser reconstruído junto à Porta da Ressurreição no início da década de 90, tendo a cerimónia sido presidida pelo patriarca russo na presença de Boris Ieltsin. As medidas repressivas de Estaline contra a Igreja ortodoxa da Rússia estenderam se por todo o país. Padres assassinados, edifícios eclesiásticos destruídos, caso da Igreja do Cristo Salvador no centro de Moscovo, livros religiosos impedidos de serem publicados, sinos das igrejas fundidos para alimentar as indústrias. O sóbrio mausoléu de Lenine atrai hoje essencialmente os turistas que pagam bilhete para visitar os pontos de atracção do Kremlin disponíveis para público e a Catedral Kazan voltou a abrir as portas às celebrações religiosas em homenagem à Virgem de Kazan. O ícone religioso terá acompanhado Dmitriy Pozharsky na campanha contra os invasores polacos, em 1612. O príncipe moscovita mantém a sua estátua na Praça Vermelha por ter repelido o ataque contra o Kremlin no século XVII, mas os poderes soviéticos transferiram -na do centro da praça para frente da mágica Catedral de S. Basílio.

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