Álvaro Cunhal exilou-se na União Soviética em finais de Setembro de 1961. A rádio Moscovo noticiou que tinha à sua espera Mikail Suslov, Otto Kusinen e Boris Ponomariov quando desembarcou. Convidaram-no para visitar uma fábrica de ligas especiais na capital para fazer o seu primeiro discurso na Pátria do Socialismo. Aproveitou o encontro com os inonográficos trabalhadores soviéticos para recordar a sua recente experiência nas prisões da PIDE. “Na polícia, os presos são espancados cruelmente dias inteiros, impedidos de dormir até perderem consciência dos seus actos, obrigados (na chamada tortura da estátua) a estarem de pé e imóveis durante dias e noites seguidos que, em alguns casos, atingem semanas. A técnica dos torturadores profissionais da PIDE é torturar ‘até à beira da morte’. Torturam repetidas vezes, ao longo de vários meses. Muitos e muitos patriotas ficam com a saúde arruinada para sempre em resultado das torturas. Muitos e muitos outros sucumbem a elas. Poderia estar horas contando-vos aspectos das torturas na polícia, de maus tratos nas prisões, dos arbítrios e injustiças nos tribunais. Mas não pretendo mais que dar-vos uma ideia geral da situação que existe e pedir a vossa solidariedade. Tudo quando refiro não são factos de que tenha apenas ouvido falar. Sou testemunha desses factos porque eu próprio os vivi e sofri”.
Sem comentários:
Enviar um comentário