domingo, 28 de novembro de 2010

A revolução portuguesa


O processo revolucionário português permitiu nacionalizar a banca, companhias de seguros e vários sectores básicos da economia nacional. Energia eléctrica, petróleos, siderurgia, construção naval, cimento, vidro, tabaco, cervejas, transportes ferroviários, marítimos, aéreos e terrestres. Centenas de empresas foram tomadas pelo poder operário e a reforma agrária permitiu criar mais de 500 unidades colectivas de produção e cooperativas. O Estado Novo foi desmantelado, a Constituição assumiu a protecção das conquistas revolucionárias e definiu como desígnio nacional a construção do socialismo. Todas estas condições foram insuficientes para a concretização do sonho. Porquê?


Porque as conquistas revolucionárias não decorreram de um poder político revolucionário. Porque o PCP não conseguiu controlar os sectores militares essenciais e foi perdendo terreno para a extrema-esquerda. Porque os restantes partidos parlamentares eram favoráveis à fundação de um regime democrático do tipo ocidental. Porque a maioria dos votos foram expressando sucessivamente o apoio às propostas de governo do PS e do PSD. Porque Mário Soares se opôs. O jovem “Fontes” que aderiu ao PCP na juventude e lutou pelo comunismo transmutou -se no líder do maior partido concorrente do PCP com uma outra ideologia e uma outra prática.



Só Álvaro Cunhal manteve as suas convicções de sempre. O processo revolucionário esgotou-se no I Governo Constitucional e abriu portas para o processo contra-revolucionário. O PCP imputou o fracasso ao PS e identificou o “pecado original” nas eleições legislativas de 1976.

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