segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Álvaro Cunhal, o pai

Ana Cunhal fotografada pelo pai num Inverno em Moscovo


O cimo da colina dos Montes Pardal, entre o início da avenida que liga a universidade e a igreja da Trindade, proporciona uma vista privilegiada sobre Moscovo. É um local muito usado pelos moscovitas para fazerem saltos de esqui. Actualmente, existem duas pistas em funcionamento, tendo a mais longa características olímpicas. “O Álvaro gostava de levar a filha àquele sítio para verem os saltos”, recorda Isaura Moreira. “Era uma zona muito procurada pelas pessoas para se divertirem na neve”. Ana Cunhal teve problemas de saúde nesta período da sua infância em Moscovo. Cunhal e Isaura tinham dificuldades para a alimentar e chegaram a ver-se forçados a interná-la num hospital de Moscovo. O pai insistia para que comesse e tentava distraí-la com pequenas brincadeiras e jogos. “A nossa filha alimentava -se muito mal e ele fazia desenhos para a distrair e aproveitava para lhe colocar a comida na boca”, recorda Isaura. Ana chega a passar alguns dias recusando as duas principais refeições. O pai tentava tudo para a convencer a alimentar -se. "Era muito paciente e dedicado”. Nesta primeira fase do exílio com o seu núcleo familiar, Cunhal deixa de ser apenas o líder de um partido revolucionário e clandestino para se assumir como pai e companheiro É a primeira vez que tal sucede na sua vida de revolucionário. Ajudava a limpar as fraldas de pano e cozinhava com alguma frequência. “Fazia lindamente mioleira com ovos mexidos e convidava-me para ir lá a casa almoçar com eles”, refere Margarida Tengarrinha. “O Álvaro trabalhava muito e ajudava nas tarefas de casa para se libertar dessa intensa actividade intelectual”, conclui Isaura Moreira.

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