Álvaro Cunhal ascendeu a secretário-geral do PCP e musculou o discurso sobre a tomada do poder depois de fugir do Forte de Peniche. Recuperou a inevitabilidade do levantamento de massas já expresso nos congressos anteriores, mas adicionou os caracteres da inevitável violência. “Devem ganhar-se as massas populares para a ideia de que é a elas que cabe derrubar o fascismo e conquistar a liberdade política, que se devem preparar para duras batalhas e que a acção armada pode vir a impor-se”. O comité central de Março de 1961 devolveu -lhe o poder com base nas orientações de O Desvio de Direita nos Anos 1956 -1959.
As teses complementam o documento contra a tendência anarco-liberal na organização do trabalho de direcção publicado em Dezembro de 1960 e que se tinha constituído como instrumento de denúncia das “traições” e dos “erros” operacionais. Os dirigentes consideraram que a definição da via pacífica para o derrubamento da ditadura representava um “desvio oportunista de direita” que tinha “enfermado» a orientação do PCP desde 1956. A “via pacífica” (1956/59) já se tinha manifestado logo após o final da Segunda Guerra Mundial com uma versão denominada “política de transição” (1945/48). Ambas as concepções tinham em comum a ideia benigna da desagregação da ditadura e limitavam as massas ao papel de acelerador desse processo. Ambas tinham um defensor: Júlio Fogaça. “Esse camarada teve uma influência preponderante na adopção pelo partido dos conceitos fundamentais da “política de transição”, escondido sob a capa da “solução pacífica”, acusa directamente Cunhal dirigindo -se a “Ramiro”.
Sem comentários:
Enviar um comentário